Fogo no parquinho: política ao molho madeira

Mais quente do que o termômetro da política brasileira, só o gráfico de mortes por COVID no Brasil. Não, não é para ser um trocadilho engraçado. Parece que a noção e o bom-senso se conheceram e resolveram fugir juntos, deixando o País à deriva, ladeira abaixo na gestão da pandemia. Enquanto pessoas morrem aos montes pelo vírus, famílias perdem seus entes queridos, crianças e jovens ficam órfãos, tudo vai se flexibilizando novamente. Será esse o “novo normal”?

O Brasil virou um grande panelão de negacionismo marinado em um líquido marrom com cheiro estranho. Pode parecer outra coisa, posso estar errada, mas deve ser só carne ao molho madeira feita de maneira duvidosa. Até quando vamos comer desse prato amargo?

Tal pai, tal filho

Quando se diz que filho de peixe, peixinho é, não tem situação que o ditado se apliquei melhor do que a do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Filho de quem é, reza igualzinho a cartilha do pai, com discurso machista, sexista e misógino. A última que fez foi chamar as deputadas da CCJ do Congresso de “portadoras de vagina”. A 5ª série não saiu dele…

Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro é conhecido como “bananinha”. Foto: divulgação

Conselho de Ética

O que é mais chocante é saber que Eduardo Bolsonaro foi o deputado federal mais votado da história do País. Em resposta aos insultos do parlamentar, a Secretaria da Mulher e a Comissão dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados emitiu uma nota na qual afirma que as declarações “atingem a dignidade das mulheres através de um ato de violência política de gênero”. A secretaria entrará com uma representação disciplinar no Conselho de Ética da Câmara.

Conselho de Ética II

Vale lembrar que o Conselho de Ética da Câmara arquivou na quinta-feira última (8), a representação contra Eduardo Bolsonaro em relação às suas declarações a favor de um novo AI-5, ato da ditadura que cassou a liberdade de expressão no período.

CPI COVID

Enquanto o filho continua sendo pago com o dinheiro público brasileiro para falar besteira no Congresso, o pai já começou a espernear por conta da decisão do STF para a implantação da CPI da COVID-19. A Comissão Parlamentar de Inquérito deverá investigar todas as questões relativas à gestão da pandemia pelo Governo Federal. A decisão, proferida pelo Ministro Barroso, foi em resposta a um mandado de segurança impetrado por parlamentares junto ao Supremo.

Não gostou

Bolsonaro se irritou a decisão de Barroso e cobrou que ele se pronunciasse sobre pedido de impeachment de ministros do STF. No entanto, o Supremo não foi provocado a se pronunciar sobre esse pedido. A CPI da COVID já obedecia todos os trâmites para ser instalada, mas com a postergação do início dos trabalhos, dois dos parlamentares que subscreveram o pedido de instalação da comissão judicializaram a questão e obtiveram em resposta a determinação judicial favorável.

Carta aberta

Deputada Érika Kokay quer postura mais radical da Febraban e do Bacen no combate à COVID. Foto: print de vídeo.

A deputada federal Érika Kokay (PT-DF), enviou carta aberta à Febraban e ofício ao Bacen, cobrando posturas mais radicais das instituições no combate à COVID-19. Na carta aberta, por exemplo, Kokay pede que, entre outras coisas, sejam padronizadas as normas de segurança contra a COVID a todos os bancos; fechamento das agências ou regulamentação da redução do horário de atendimento; suspensão de metas e das demissões. Dessa maneira, segundo a carta estarão resguardadas a saúde dos bancários e da população.

Transfobia

Mais uma provável vítima da transfobia no Brasil, a ex-vereadora Madalena Leite, de Piracicaba, interior de São Paulo, foi assassinada em sua residência, com golpe na cabeça. Ao lado do corpo, papéis e um retrato dela da época da vereança despedaçado. O Brasil é o País que mais mata travestis e transsexuais, pelo quinto ano seguido. Os dados são da Rede Nacional de Pessoas Trans.

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