14 de março: 109 anos de Carolina de Jesus e 5 anos sem saber quem mandou matar Marielle

Duas mulheres que viraram símbolo da luta antirracista no Brasil têm seus caminhos cruzados pela data em que se celebra o nascimento de Carolina de Jesus e a morte brutal de Marielle Franco; 14 de março também é o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça

Crédito: Audálio Dantas e Mário Vasconcellos/CMRJ

Neste dia 14 de março a história de duas mulheres negras, símbolos da luta antirracista no Brasil, se cruzam. Foi em 14 de março de 1914 que nasceu Carolina Maria de Jesus, escritora que contou sobre as mazelas da pobreza, do racismo e da desigualdade de gênero. E há cinco anos, em 14 de março de 2018, foi assassinada brutalmente a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em um crime que vitimou também seu motorista, Anderson Gomes, e que até hoje não foi elucidado. A data também marca o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça.

Nascida em 14 de março de 1914, Carolina Maria de Jesus é autora de oito obras, quatro delas publicadas após a sua morte. Quarto de Despejo é seu livro mais famoso, publicado em 1960 e já traduzido para 16 idiomas em 46 países. O livro, escrito por uma mulher negra, pobre, favelada, reúne vários diários que Carolina fez ao longo da vida, escrevendo em papéis que separava do lixo. Uma denúncia forte, real e visceral sobre o racismo e a desigualdade da sociedade.

Crédito: Audálio Dantas

Mulher negra, bissexual, socióloga, a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro na eleição de 2016, Marielle Franco acumulou experiência atuando pela conscientização da população periférica da cidade, especialmente os mais jovens, sobre as situações de injustiça, violência e sobre o genocídio vivenciada pela juventude preta, denunciado o racismo institucional .

Marielle foi morta após o carro em que estava com o seu motorista ter sido alvejado por tiros na região central do Rio de Janeiro, após sair de uma agenda do seu mandato. Uma outra assessora de Marielle também foi ferida sem gravidade. Dois ex-policiais militares, Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, foram presos acusados de serem os executores do crime. Mas até hoje, a polícia não sabe quem mandou matar a vereadora.

Crédito: Mário Vasconcellos/CMRJ

Socióloga, teóloga e coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Diadema, Marcia Damaceno destaca que é de suma importância reconhecer a exaltar a memória e o legado dessas duas mulheres. “Cada uma delas deu contribuições muito importantes para a luta antirracista, para defender os direitos da população negra, e a gente deve todos os dias lembrar o caminho que foi traçado e o que ainda temos que percorrer para uma sociedade justa”, pontuou.

O governo federal chegou a anunciar que a investigação sobre o assassinato de Marielle seria federalizada, uma vez que está sob responsabilidade das autoridades judiciárias do Rio de Janeiro, mas nada ainda foi concretizado nesse sentido. “Hoje, um dos principais motes dos movimentos negros organizados é cobrar justiça por Marielle e Anderson, além de manter viva a memória de todas as pessoas que lutaram e deram sua vida pelo fim do racismo e da desigualdade no Brasil”, finalizou.