27 artistas mulheres na exposição “Meu corpo: território de disputa”

MÔNICA VENTURA – CRÉDITO DIVULGAÇÃOna exposição Meu corpo: território de disputa
MÔNICA VENTURA – CRÉDITO DIVULGAÇÃO 

Exposição coletiva “Meu corpo: território de disputa” abre o calendário 2023 da galeria Nara Roesler. Uma seleção de 27 artistas mulheres, com curadoria de Galciani Neves

A coletiva “Meu corpo: território de disputa”, neste 9 de fevereiro, quinta-feira, abre o calendário anual de exposições da galeria Nara Roesler, localizada em São Paulo (SP), com mais uma edição do Roesler Curatorial Project.

A coletiva “Meu corpo: território de disputa” tem curadoria de Galciani Neves e reúne 27 artistas mulheres expoentes de diferentes gerações, cujos trabalhos evocam as experiências vivenciadas por corpos reconhecidos como de mulher.

A abertura da mostra terá uma visita guiada das 18h às 21h com a curadora Galciani Neves.  

“Viver em um corpo reconhecido como um corpo de mulher é saber que este corpo pode ser apalpado, violado, avalizado subitamente. Viver em um corpo reconhecido como um corpo de mulher é viver um corpo-escudo, um corpo-flama, apto ao embate. Estamos em estado de combate e defesa”, afirma Galciani, ao definir as inquietações que deram origem a seu projeto curatorial.

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Enquanto as estatísticas se revelam assombrosas pela crueza dos fatos – o Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que uma mulher é vítima de feminicídio a cada 7 horas no país – a curadora apresenta um conjunto diverso de estratégias poéticas desenvolvidas pelas artistas, que encaram esse cenário a partir da crítica, da fabulação, da autoafirmação e do reconhecimento de ser mulher no Brasil.

Propondo uma corporeidade centrada no desejo, na espiritualidade e na ancestralidade, as artistas fazem do corpo um espaço de luta, resistência, força e gozo.

Virginia de Medeiros – Foto Erika Mayumi

Três eixos principais

A mostra se organiza em três eixos principais, intitulados “A liberdade também é um combate”, “Fabular uma anatomia experiencial” e “Corpo-floresta em desbunde”.

Na primeira sessão figura “Quando todos calam #2” (2009), trabalho icônico de Berna Reale, na qual a performer se deita, nua, coberta por vísceras, sobre uma mesa a céu aberto no Mercado Ver o Peso, em Belém. Reale, que também atua como perita criminal, conhece a materialidade da violência em toda sua brutalidade.

Outras formas de violência visíveis, como aquela instituída pelas representações da história da arte, aparecem no trabalho de Anna Bella Geiger, assim como a dos padrões de beleza, criticados no sedutor, mas perigoso, vestido de navalhas de Nazareth Pacheco.

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A linguagem desponta como estratégia que permeia a exposição na construção de narrativas elusivas e angustiantes, como as bandeiras das Terroristas del amor, o letreiro neon de Lívia Aquino, os desenhos-anotações de Letícia Parente, e a colagem de notas fiscais e fotografias de Renata Felinto.

As imagens também se guiam pela criação de ficções poéticas e irônicas, como no trabalho “Identidade é ficção” (2019), de Sallisa Rosa, goiana radicada no Rio de Janeiro; também pela fabulação acerca de ataques e violências, como em “Memória demarcada” (2020), da carioca Sumé Vasconcelos (Yina); assim como pelo registro de processos ritualísticos apresentado em “Dissoluções” (2021), de Rubiane Maia, capixaba radicada no Reino Unido.

Como não poderia deixar de ser, o corpo, como força de autoria, e sua anatomia, como estratégia de resistência, aparece como um dos principais temas dos trabalhos.

Os objetos poéticos de Brígida Baltar se destacam pela estranheza das formas corporais distorcidas, e dialogam com as esculturas de Josi e pela organicidade minimalista presente nas obras de Flávia Vieira. Já os trabalhos de Djanira, Tadáskia e Hariel Revignet discutem temáticas relacionadas à ancestralidade.

A dimensão política, por sua vez, perpassa todos os trabalhos, com destaque para os retratos de “Guerrilheiras”, da série “Alma de Bronze” de Virgínia de Medeiros. Durante meses, a artista conviveu com as lideranças femininas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), fotografando-as em seus lares.

Como é comum na prática de Medeiros, o corpo não é só o individual, mas também é um corpo coletivo, um corpo político que constrói, com o outro, o reconhecimento.

27 artistas mulheres

Artista participantes (em ordem alfabética): Anna Bella Geiger, Berna Reale, Brígida Baltar, Djanira, Daiara Tukano, Eneida Sanches, Fernanda Gassen, Flávia Vieira, Hariel Revignet, Isabella Beneduci, Josi, Laura Berbet, Letícia Parente, Lívia Aquino, Maré de Matos, Mônica Ventura, Nazareth Pacheco, Renata Felinto, Regina Parra, Rubiane Maia, Sallisa Rosa, Sumé Vasconcellos, Tadáskía, Terroristas del Amor, Vânia Medeiros e Virginia de Medeiros.

TADÁSKÍA – CRÉDITO FLAVIO FREIRE

Serviço:

“Meu corpo: território de disputa”

De 11 de fevereiro a 18 de março, de segunda à sexta, das 10h às 19h e sábado das 11h às 15h

Galeria Nara Roesler – Avenida Europa, 655 – Jardim Europa – São Paulo

Informações: (11) 2039 5454 / info@nararoesler.art

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