Cai o número de postagens sobre violência contra a mulher no Brasil

Levantamento de postagens sobre violência contra a mulher foi feito pela Ipsos em parceria com a ONU Mulheres nos países latino-americanos Brasil, México, Guatemala, El Salvador e Honduras

Levantamento foi feito pela Ipsos em parceria com a ONU Mulheres nos países latino-americanos Brasil, México, Guatemala, El Salvador e Honduras

Nesses três anos de pandemia, o número de publicações online sobre a violência contra a mulher vem caindo gradativamente. Se em 2020 o Brasil produziu 2,6 milhões de publicações sobre o tema, o número caiu para 860 mil em 2021 até chegar a 752 em 2022. Em 2019, pré-pandemia, a quantia havia sido de 1,1 milhão.

As pessoas estão interagindo mais com os conteúdos publicados – ou seja, curtindo e compartilhando – do que falando sobre o tema da violência.

O Brasil é o país que mais produz conteúdo digital sobre o assunto, enquanto o México, segundo colocado, registrou aproximadamente 640 mil publicações no último ano.

Mas, quando se compara esse número de publicações ao total de feminicídios ocorrido em cada país, o México é quem dá maior importância ao tema.

As notícias online sobre violência contra a mulher, ao contrário das redes sociais, têm aumentado: os 15 anos da lei Maria da Penha, campanhas como o Agosto Lilás e casos de violência contra mulheres e crianças ganharam a atenção da mídia nos dois últimos anos.

Segundo pesquisa realizada pelo portal de vagas Empregos.com.br, ao responder se a política de combate ao assédio moral é divulgada entre os colaboradores, 63% das mulheres afirmam que discordam totalmente/discordam da pergunta. Entre  a amostra masculina, o número cai para 51%.

A mídia brasileira sempre dá muito destaque a casos policiais, mas a relação da violência com política e cultura ganhou espaço nos últimos anos.

O Brasil agora é o país com maior volume de notícias, posição antes ocupada pelo México.

Entre os brasileiros que publicam esse tipo de conteúdo nas redes, a maioria é homem (56% contra 44%), tem entre 25 e 34 anos (63%) e expressa, principalmente, sentimentos de pena, tristeza e confusão.

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A cultura de massa tem se mostrado um forte indutor para as conversas sobre violência contra mulheres. Reality shows como “Big Brother Brasil” e “A Fazenda” têm despertado discussões online sobre relações abusivas e violência física e psicológica. O mesmo acontece quando celebridades compartilham suas experiências pessoais de abuso.

Isso ajuda a identificar e quantificar casos de assédios e violência pelo Brasil, principalmente nos ambientes de trabalho.

Quando o assunto é assédio no ambiente de trabalho, as mulheres se sentem mais incomodadas do que os homens. Quase metade delas (46%) já presenciaram a chefia constranger algum colaborador para conseguir o que quer, uma representação maior do que os homens, com 39%. Vale ressaltar que em ambientes administrativos, estas situações são mais constantes. O incômodo é realizado de diversas formas, desde um comentário até uma ação direta.

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Além do constrangimento, os entrevistados foram perguntados se ofensas verbais – por meio de palavras – são comuns no ambiente de trabalho. Para essa questão, o número de respostas em concordo totalmente/concordo é maior entre o público feminino, com 55% das respostas, contra 45% do público masculino. Agressões verbais, xingamentos, humilhações de todos os níveis são considerados, os mais comuns entre as mulheres são ofendendo as suas honras pessoais e com os homens a sua orientação sexual.

“É preciso que as empresas estabeleçam normas e políticas internas para regulamentar as situações e relações entre os colaboradores. Com a aprovação desses mecanismos, as equipes são treinadas, com o regramento divulgado em campanhas de endomarketing tendo em destaque o considerado certo e desejável no ambiente corporativo e convívio social”, afirma Tábata Silva, gerente do portal Empregos.com.br.

Além de existir um falso mito de que a violência está mais presente em determinadas classes econômicas, etnias ou regiões, é muito comum que as vítimas demorem a perceber a gravidade do que estão sofrendo, ou ainda tenham medo e vergonha de denunciar seus agressores.

Quanto mais se falar sobre o assunto na internet, mais informação e acolhimento às mulheres terão.