Lidia Lisbôa apresenta “Mulher Esqueleto” no Sesc Pompeia

Lidia Lisbôa apresenta "Mulher Esqueleto" no Sesc Pompeia
LIDIA LISBOA CASULOATELIÊ LIDIA LISBOACRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Na mostra Mulher Esqueleto, a artista paranaense Lidia Lisbôa traz conjunto de trabalhos com dimensão política e social à medida que faz despontar uma perspectiva crítica de gênero

Vida e arte se entrelaçam nas propostas de Lidia Lisbôa, que tece casulos, úteros, cordões umbilicais e tetas na mostra “Mulher Esqueleto”, no Sesc Pompeia, em São Paulo (SP), em cartaz até 30 de julho.

Inédita, a exposição integra o projeto “Ofício: Fio”, uma iniciativa que explora como espaço expositivo o Galpão das Oficinas de Criatividade do Sesc Pompeia, e que tem o propósito de apresentar e investigar diferentes práticas do fazer artístico.

Lidia trabalha com escultura, gravura, pintura, costura e crochê. Sua prática artística desenvolve-se na intersecção entre objeto de arte, performance e ritual.

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Cada passo dado na construção de sua poética aponta para um desdobramento na forma de ação performativa.

A produção de peças têxteis em performances elabora o ato de tecer como prática e reflexão. O uso do tecido e materiais descartados constitui uma estrutura fundamental na eloquência de sua linguagem, que aborda presente e passado por meio de temáticas autobiográficas, territoriais e ancestrais.

Este elo acaba por sublevar o trabalho da artista a um campo de ação política e social à medida que faz despontar uma perspectiva crítica de gênero. Sua expressividade manual é, assim, embebida de uma complexidade que se mostra tanto como poética sensível quanto um ato de resistência.

Em “Mulher Esqueleto”, a artista apresenta trabalhos de vários períodos, incluindo inéditos, e usa como fio condutor o capítulo de mesmo título da mostra que compõe o livro de Clarissa Pinkola Estés, “Mulheres que correm com os lobos”.

Na obra literária, uma figura amaldiçoada e deixada à própria sorte é pescada e acolhida por um pescador, deixando, nesse processo, de ser um punhado de ossos e se tornando mulher.

No contexto do livro, é o amor que restitui a possibilidade de reintegração da personagem. Lídia, ao se aproximar da “Mulher Esqueleto”, reflete sobre a possibilidade de recompor a si mesma, estruturando no processo de recolhimento a reestruturação do self, e não as relações.

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Ela constrói um repertório de acolhimento primário e recolhimento contemplativo como ferramenta de cura.  A vida-morte-vida de Estés, quando encontra o olhar e as mãos de Lidia, torna-se vida-arte-vida.  

O grande destaque da mostra está na área têxtil. Mesmo em outras matérias, como cerâmica, fotografia e performance, a obra da artista traz, em todos os suportes, o processo têxtil ao trabalho, convidando o público a esse recolhimento reestruturante de carnes para que lembremos de não deixarmos morrer.   

LIDIA LISBOA CASULOATELIÊ LIDIA LISBOACRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Quem é Lidia Lisbôa

Lidia Lisbôa (1970) é artista visual, natural de Guaíra (PR). Vive e trabalha em São Paulo. Sua prática artística tem como eixo fundante a autobiografia e os atravessamentos cotidianos que são articulados atualmente principalmente por meio do desenho, escultura, crochê e performance. Dentre suas principais exposições individuais destacam-se: “Acordelados” (2022) e “Memórias do Afeto” (2021), ambas na capital paulista. Também integrou mostras coletivas tais como o 37º Panorama da Arte Brasileira – “Sob as cinzas, brasa” (2022); “Defeito de cor” (2022); “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros” (2021); “Esperança” (2021); “Substância da terra: o sertão” (2021); 12ª Bienal do Mercosul – “Femininos: visualidades, ações e afetos” (2020); entre outras.

Serviço:

“Mulher Esqueleto”

Visitação até 30 de julho, de terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Sesc Pompeia / Galpão das Oficinas de Criatividade – Rua Clélia, 93, Pompeia – São Paulo (SP)

Informações: (11) 3871-770 ou sescsp.org.br/pompeia

Entrada gratuita / Classificação indicativa: Livre

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