Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora negra do Brasil, será a homenageada da Flip 2022
Portal Firminas está em festa. Sob o tema “Ver o Invisível”, FLIP retorna após dois anos de pandemia homenageando Maria Firmina dos Reis, nossa inspiração!
Sim, são muitas “primeiras vezes” nesta 20ª Edição da Festa Literária Internacional de Paraty, marcada para acontecer de 23 a 27 de novembro na linda cidade histórica do Rio de Janeiro.
É a primeira FLIP pós início da pandemia de Covid-19, em março de 2020. Nos últimos dois anos, a Flip foi realizada em formato híbrido, com mesas virtuais e programação em espaços parceiros.
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É a primeira vez que uma escritora negra é escolhida pelos curadores da FLIP para ser homenageada.
Firmina dos Reis é reconhecida como a primeira mulher a publicar um romance no Brasil, com o título “Úrsula”, de 1859, período no qual nossa economia era balizada pelo regime escravocrata.
A obra, aparentemente uma clássica história de amor impossível, retrata o negro a partir de uma perspectiva interna. Por isso, é também reconhecida como o primeiro romance de autoria afrodescendente, com narrativa crítica e realmente vivida.
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Escrito anteriormente à poesia de Castro Alves, Úrsula também é considerada a obra que inaugura o tema da abolição na nossa literatura.
Será ainda a primeira vez que a FLIP celebrará uma artista em destaque: a fotógrafa e ativista suíça Claudia Andujar.
Maria Firmina dos Reis: a força de uma mulher negra
Na Conferência à Imprensa, realizada nesta terça-feira, 13, um dos curadores da FLIP, o professor Meira Monteiro, foi enfático ao falar sobre a escolha da homenageada.
“Maria Firmina dos Reis não é alguém casual, alguém que estava na fila de homenageados da Flip. Ela tem a força da autoria individual, uma mulher negra no Maranhão do século XIX, lutando pra ser reconhecida pela letra”.
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Também compartilham a curadoria da FLIP a jornalista Fernanda Bastos, que é cofundadora da editora Figura de Linguagem, casa negra e independente de Porto Alegre; e Milena Britto, professora na Universidade Federal da Bahia.
Dar voz aos que estão à margem
“Ver o invisível”, tema desta 20º edição da FLIP, a homenagem à Maria Firmina dos Reis e a escolha da arte de Claudia Andujar refletem bem a ideia da curadoria de trazer autores de diferentes lugares e gêneros para expandir as vozes.
“Pensamos em dar o recado do que essa Flip quer representar, já a partir da homenagem, e trazer para o centro uma autora que foi ignorada por muito tempo e que tem sido trazida à tona e trabalhada, sobretudo, por pesquisadoras mulheres”, pontua Fernanda Bastos.
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A curadora Milena Brito reforça o porquê da escolha de Firmina dos Reis.
“Trazemos uma autora que enfrentou os absurdos da sua época acionando todos os lugares e potências da literatura e trazendo a proposta de fazer entender que existe uma sociedade se formando e que é preciso também, de alguma forma, distorcer o nosso olhar”.
Sobre a arte de Cláudia Andujar, Pedro descreve como um tributo à sensibilidade diante daqueles que estão à margem. “A arte fotográfica dela é também muito narrativa e fala sobre a construção do outro. A fotografia dela é o próprio exercício de ensinar a ver o invisível”.
Programação
Outra informação importante é o aniversário de 20 anos da Flip neste 2022.
Em breve a programação será liberada no site do evento: https://www.flip.org.br/
Com informações do Portal Terra e Portal SAPO