Mitos x verdades sobre a mamografia

Mastologista Daniele Duarte tranquiliza mulheres quanto ao exame que contribui para detectar a doença

Mitos x verdades sobre a mamografia
MAMOGRAFIA: CRÉDITO DIVULGAÇÃO

Vivemos em um mundo completamente digital, que tem seus benefícios enquanto propagar informações relevantes, incentivar uma campanha de nível mundial como a de conscientização do câncer de mama, mas que também pode proliferar o medo e inverdades. E isso tem acontecido com a mamografia, que é uma grande aliada das mulheres para detecção precoce da doença.

As “fake news” estão bombando nas redes sociais, inclusive sobre o tema câncer. Muito disso pode ser reconhecido como um absurdo à primeira vista. Outras parecem sérias no início e, apesar de não resistirem por muito tempo, geram dúvidas e desencorajam a possibilidade de tratar uma doença em estágio inicial.

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Qual é a verdade real para esses mitos modernos? A mastologista Daniele Duarte selecionou alguns questionamentos recorrentes e os categorizou entre mitos e verdades, para que mulheres possam cada vez mais seguir o conselho médico e detectar um possível quadro da doença precocemente, uma vez que ela acomete uma em oito mulheres, mas tem mais de 90% de cura.

O exame expõe o paciente à radiação nociva?

MITO!

Raios-X repetidos podem ser perigosos para a saúde. No entanto, as mamografias usam um nível muito baixo de radiação, e o perigo representado por elas é muito pequeno. Embora os benefícios da mamografia geralmente superem os riscos, as mulheres devem conversar com seu médico sobre a necessidade de cada raio-X.

Ela não tem o poder de prevenir o surgimento do tumor. E ao contrário do que por vezes circula na internet, um exame de mamografia não é capaz de aumentar a chance de câncer de mama. A mamografia leva a uma exposição de 0,7 mSv (a unidade usada para medir efeitos biológicos da radiação). A quantidade de radiação que uma pessoa recebe naturalmente de outras fontes de luz (artificial, solar, entre outras) durante um ano é 4-5 vezes esse valor.

“Essa mesma exposição da mamografia equivale a poucas horas sob a luz solar em um dia de verão, por exemplo. Ou ainda a duas viagens de 10 horas de avião, ida e volta”, explica a médica.

Não é recomendado realizar a mamografia antes dos 40 anos?

VERDADE!

A mamografia antes dos 40 anos perde o seu intuito primordial, pois o exame não tem a precisão para detectar alterações, ou quando detecta, elas são inespecíficas. “Precisamos lembrar que, como todo exame em medicina, existe uma capacidade própria dele em detectar anormalidades, que chamamos de sensibilidade. A sensibilidade da mamografia varia de 46% a 88%, segundo estudos, um dos principais determinantes é a densidade mamária, que é sabidamente maior quanto mais jovem a mulher. Mamas mais densas são mais difíceis de se detectar alterações, e por isso a sensibilidade do exame cai”, esclarece Daniele.

Vale lembrar que aqui estamos abordando as mulheres que não tem história de câncer de mama na família e nem tem alto risco para esse tipo de tumor. No caso das mulheres com parentes de primeiro grau com essa doença, a mamografia pode ser sim indicada antes dos 40 anos.

Os implantes cobrem o tecido mamário, então não tem sentido fazer uma mamografia?

MITO!

Implantes mamários não deves impedir que você faça uma mamografia. Há uma desvantagem em ter implantes mamários quando se trata de imagens de mama. Os raios-x usados em mamografias não podem passar por implantes de silicone o suficiente para ver a área de tecido mamário coberta pelo implante. Mas esta não é uma razão para pular o exame.

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Os técnicos de mamografia sabem exatamente o que fazer para obter as imagens que mostram o máximo de tecido mamário possível. Essas imagens extras são chamadas de visualizações de deslocamento do implante e capturam imagens melhores da parte frontal de cada mama.

Não tenho nenhum sintoma de câncer de mama ou histórico familiar, então não preciso me preocupar em fazer uma mamografia anual?

MITO!

“A Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) e a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) recomendam que esse exame seja realizado por todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade, todos os anos. Caso a mulher tenha algum familiar de primeiro grau com câncer de mama, ela é considerada de alto risco, o que justifica a realização da primeira mamografia 10 anos antes da idade em que o parente descobriu o tumor (mas não antes dos 30 anos de idade)”, explica a médica.

De acordo com a American Cancer Society, mais de 75% das mulheres que têm câncer de mama não têm histórico familiar.

O autoexame das mamas não é tão eficaz quanto a mamografia.

VERDADE!

Estudos demonstram que o autoexame das mamas por si só não é suficiente para reduzir o número de mortes por câncer de mama, mas é um grande aliado para detectar irregularidades. Portanto, ele não substitui a mamografia regular e exames de mama por um profissional de saúde, que são a melhor maneira de rastrear o tumor mamário.

Fiz uma mamografia ano passado, então não preciso de outra este ano.

MITO!

Mamografia é detecção, não prevenção. “Ter o resultado de uma mamografia normal é uma ótima notícia, mas não garante que futuros exames apresentem os mesmos resultados. Fazer uma mamografia todos os anos aumenta a chance de detectar o câncer quando é pequeno e quando é mais facilmente tratado, o que também melhora a sobrevida”, esclarece Daniele.

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