Mulheres na boleia: participação feminina cresce no transporte de carga

Mudança começa a ser percebida nas salas de formação e elas hoje representam 17% dos profissionais que circulam pelas estradas do País

Caminhões circulam pelo Trecho Sul do Rodoanel em São Paulo – Imagem: CONCESSIONÁRIA SPMAR

Dirigir em uma estrada exige muita atenção, em especial para quem exerce o transporte de carga e percorre longos percursos. Nesse segmento, ascende um novo perfil: as mulheres na boleia, condutoras na estrada.

Ambiente predominantemente masculino, o transporte de carga possui apenas 17% de profissionais do sexo feminino, segundo o Ministério do Trabalho, mas a maior participação feminina já é um fenômeno perceptível nos cursos de formação e até nas empresas.

“Hoje tem empresa em Guarulhos (SP) onde 30% da frota é feminina. Isso é um incentivo, porque traz ainda mais as mulheres para o mercado de trabalho. E a gente encontra mulheres com carreta, mono trens, com transporte coletivo de passageiros”, exemplifica Jacques de Oliveira Serafim, instrutor do Sest Senat.

Segundo o gerente de operações da SPMAR, Fausto Cabral, essa evolução é aguardada também pelas concessionárias, que apostam no senso de responsabilidade do profissional feminino.

Na equipe de operações dos trechos Sul e Leste do Rodoanel em São Paulo, as mulheres já representam 66% do efetivo.

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“Um motorista feminino, quando avista uma situação, já diminui a velocidade. E falo isso porque já percebi, não foi uma, nem duas, foram muitas vezes. Elas passam o mais distante possível e, se for possível mudar de faixa, mudam de faixa, diminuem a velocidade e seguem o caminho. Já o motorista masculino não tem tanta visão, nem essa prudência”, observa.

Mas para que essa transformação seja efetiva, o setor ainda precisa superar um inimigo histórico: o preconceito. “Isso é uma barreira enorme, que ao longo do tempo está cada vez mais diminuindo. Em minha opinião, a mulher é muito mais cuidadosa e dedicada no que ela fez. A gente vê que mais à frente vamos ter bons resultados”, acredita o instrutor do Sest Senat.

Mulheres na boleia e as novas tecnologias

Além da participação feminina, Serafim acredita que as novas tecnologias trarão boas contribuições ao setor, tanto para a questão ambiental, como para a segurança.

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“A ideia para o futuro do transporte é um investimento ainda maior para veículos elétricos. Isso vai ser muito bom para nós e para o meio ambiente. Como a maioria dos acidentes é causada por falha humana, quanto mais a tecnologia puder ajudar o condutor no transporte, será bastante útil.”

Sest Senat

Atualmente, a movimentação de mercadorias por rodovias é responsável por mais de 60% dos produtos circulando no País, por isso é essencial conhecer os gargalos e trabalhá-los já na formação do profissional, para uma maior eficiência de todo o sistema.

Organização referência na capacitação de profissionais para o transporte de carga no Brasil há 30 anos, o Sest Senat atende 3,8 milhões de pessoas por ano, com apoio na área de saúde, educação, esporte e lazer. Tamanha experiência permite à instituição construir um olhar amplo sobre o mercado e seus gargalos.

“Cerca de 90% dos maiores acidentes são causados por falhas humanas. Não é novidade para ninguém que o uso do celular tira a atenção do condutor e acaba elevando ainda mais esse percentual negativo”, analisa Serafim ao podcast “De Olho na Estrada”.

O Brasil ostenta hoje um recorde negativo de cinco mortes a cada hora. Porém, nem tudo é de se lamentar. A experiência da instituição recente mostra que já há uma maior consciência em relação à capacitação do profissional da estrada de hoje. “A ideia desse condutor é sempre evoluir. Hoje ele está fazendo emergência, está fazendo escola, com a ideia de sempre se preparar ainda mais para o mercado de trabalho. O perfil do colaborador do transporte tem sido mudado ao longo dos anos. Com isso a gente só tem a ganhar”, comenta.

Para conferir a conversa completa com Jacques Serafim, e saber um pouco mais sobre as tendências e serviços para o profissional do transporte rodoviário, basta acessar a plataforma de áudio do “De Olho na Estrada” no Spotify, um canal que reúne especialistas para conversar sobre segurança viária de uma forma descomplicada.

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